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CONSTRUÇÃO

O piloto Mário Antônio Soldatelli, de Porto Alegre, tornou-se famoso graças aos seus interessantes aeromodelos construídos com materiais recicláveis. Pelo título acima, vê-se que ele já estava no 25º modelo feito dessa maneira quando enviou-me este relato. Há muitos outros, no entanto. Mário usa varetas de bambu, pedaços de Isopor®, garrafas PET, papelão ou qualquer coisa que sirva para materializar sua imaginação. Ele prova mais uma vez que o aeromodelismo é, antes de tudo, um exercício de inteligência que não precisa ser caro. Vejamos o que ele nos conta a respeito deste belo biplano inglês dos anos 30, o Hawker Hind. (Álvaro Caropreso)

Mãos à obra!

Mário Antônio Soldatelli
PORTO ALEGRE, RS

Depois da ótima repercussão do meu projeto nº 21, o Recicloplano Kawasaki Ki-61 cujo diagrama foi publicado na revista Aero&Cia nº 10, de maio/junho de 2004, fiquei ainda mais empolgado com este método de construção e comecei a namorar diversos aviões. De fato, o namoro é o principal ingrediente de quem deseja usar mais imaginação do que dinheiro. Tudo começa com quando vejo o desenho ou uma bela de foto de um avião. Desta vez, o escolhido foi o Hawker Hind, projetado pelo célebre Harry Hawker, autor de legendas dos anos 30 e 40 como o caça Hurricane.

A fuselagem foi toda armada com varetas de bambu tiradas de uma velha cortina de estilo japonês. Aliás, essa cortina está rendendo uma enormidade de varetas! O revestimento é de papelão entre as duas cabines e sobre a parte traseira superior do motor. São de madeira compensada a parede-de-fogo, o piso do suporte do trem de pouso, a primeira e a segunda cavernas, bem como os montantes de apoio da asa superior. Todas as demais cavernas são de papelão.

Usei uma garrafa plástica dois litros de água mineral com formato ideal para simular uma carenagem para motor com pistões em linha. Cortei o bico e alça e, com a forma do seu fundo, fiz o desenho da parede-de-fogo.

No grupo de cauda e nas nervuras da asa foi utilizada uma placa de espuma plástica de 5mm. O desenho do perfil de aerofólio das duas asas foi copiado de uma antiga planta do biplano Sopwith Camel da Casa Aerobrás. Somente a asa superior tem diedro (4 graus). As envergaduras são iguais (140cm). Os ailerons ficam apenas na asa inferior.

O modelo foi todo revestido com vinil Contact® nas cores marrom e palha. Os números e os emblemas foram confeccionados com o mesmo material. O esquema de camuflagem poderia ter sido aplicado sobre uma das cores, mas essa opção acrescentaria muito peso. Então, intercalei os pedaços de vinil de cores diferentes. Dá mais trabalho, mas vale a pena em termos de peso. Para esticar, moldar e aderir melhor o vinil, eu uso um secador de cabelos (o heat gun especial para plástico termorretrátil é demasiado quente e pode estragar o material).

O peso do modelo pronto ficou em cerca de 2.550 gramas. O motor usado foi o meu tradicional CB-46, com potência de sobra, e que logo em seguida já foi destinado a outro recicloplano.

O macete da luva – Nos meus modelos, as asas e o trem de pouso são sempre fixados por meio de elásticos, nunca com parafusos. Isso dá mais trabalho na preparação do modelo ao se chegar na pista, mas os elásticos já me ajudaram a salvar muitos aviões. Quando acontece um acidente ou mesmo quando o modelo faz um pouso destrambelhado, a elasticidade da borracha permite que a asa e o trem de pouso se movimentem em vez de quebrarem os pontos de fixação com parafusos – o que conseqüentemente propaga estragos nas estruturas.

Um par de luvas de borracha fornece um bocado de excelentes tiras para fixação das asas. Com o corte de anéis dos dedos você tem ótimas tiras de menor diâmetro para fixar o trem de pouso.

Espero que você goste da idéia de construir com qualquer coisa que apareça na sua frente. Se quiser, envie seus comentários para mim.

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